Nascido em Palmeira dos Índios – AL, desde os sete anos de idade, já era apaixonado por filmes de artes marciais, dentre eles os mais adorados eram os de Shao Lin e os do Grande Astro Bruce Lee. Entre os filmes que mais curtia existiram alguns em especial da Shaw Brothers, todos os títulos de Bruce Lee dentre eles o mais amado: Operação dragão e o Jogo da Morte, e um mais trash, porém com uma sacada filosófica bem legal: O Último Dragão (filme onde “Bruce Leroy” um jovem mestre negro de kung fu enfrenta Sholdar, desordeiro que aterroriza um bairro de periferia americano nos anos 80, em prol de ajudar a mulher pela qual se apaixonou e em busca da própria verdade interior).
Cresci lendo, ouvindo ou assistindo filmes de tal vertente. Na escola, por falta de conhecimento e informação, arrumava várias brigas para mostrar que meu “Kung Fu da TV” era bom e que seria o mais novo Dragão do Brasil. Bom aluno, porém desordeiro (imaginem por causa de qual influência?), tive meu primeiro contato marcial com o Karatê Shotokan em 1990, onde treinei com um professor por quatro meses abandonando os treinos por não achar no Shotokan o que minha alma buscava. Em meados de 1990, treinei Judô graduando-me até a faixa Azul, mas, também deixei de lado, pois não conseguia sentir-me completo. Em 1993, fiz amizade com um rapaz chamado Alan na época em que o Circo do He-Man (o mesmo da primeira geração dos Gigantes do Ringue) passou por minha cidade desafiando rapazes para lutar com o mesmo no pequeno ringue que era montado na arena interior do circo. Ambos enfrentamos o desafiante acompanhado de mais 13 amigos do bairro, pois o desafio era de 15 contra o gigante loiro onde tudo que precisávamos era agüentar 5 minutos no ringue, inteiros. Nesta “luta” Alan distraiu He-Man para que eu e Davi atacássemos e o resultado foi trágico porem honroso: Davi escalou He-Man pelas costas e com as unhas arranhou os olhos do Gigante que num acesso de fúria saiu dando pancada em tudo que se mexia atirando Davi para longe. Acabou me encurralando no canto do ringue e eu sem saber se pulava fora e perdia o dinheiro da luta ou ia pra cima, acabei dando uma voadora no peito do cara. Meu amigo, nunca tomei uma tapa na face tão bem dada. O He-Man nem saiu do lugar e já rebateu meu chute com uma direita de mão aberta que pegou os dois olhos duma vez e me jogou pra fora do ringue quase desmaiado. Quando cai fora, o juiz deu sinal de fim da luta e falou que ficamos 5 minutos e 5 segundos La em cima (foi o tempo de ele me encurralar, levar a voadora e me jogar longe) o que nos valeu na época e lembro claramente, 20 reais para cada homem. Nunca mais faço isso. Alan treinava Kyukushin Ryu com professor Valdir (baiano que foi morar em minha cidade e que dizia ter treinado kung fu com um mestre na Bahia, eu achava ser o mestre Li Hon Ki, quando comecei aqui em SP) e me convidou a voltar pro Karatê. Treinei mais um ano só levando pancada, pois era combate sobre combate. Cansei do Kyukushin e em 06 de fevereiro de 1994 pedi para o Professor (que eu já por falta de cultura, aceitava como mestre) a me ensinar o Kung Fu, a tão esperada e sonhada Arte Marcial do Bruce Lee. Treinei até o fim de 1994 e vim morar em São Paulo. Chegando aqui, fui me adaptar a escola e arrumar emprego, deixando o meu sonho de lado até 1998, quando conheci a Academia do Mestre LI Hon Ki no bairro da Cidade Dutra. Fui visitar, vi a Hoje Shifu Cibele treinando um rapaz chamado Josenir, e me inscrevi para trinos. Não agüentei dois meses. O treino do Shao Lin Garra de Tigre era muito extenso e forte, o meu professor na época era o Josenir e às vezes eu acabava passando pelas mãos da Shifu, que era e é até hoje muito rígida quando se refere ao Kung Fu. Como um tolo após um castigo que sofri por não realizar um exercício e respondê-la, eu terminei minha aula cancelei minha matrícula e fui embora achando que nunca mais treinaria tal estilo. Os meses foram passando e eu fui visitando professores como André, vendo as apresentações realizadas em São Paulo como a que o Shifu Noel Quebrou um cabo de enxada com a canela e me maravilhando. Vi apresentações de Alunos do Mestre Kay (como chamamos carinhosamente nosso grandioso mestre) e fui ficando novamente saudoso.
Em 2001 meu amigo e já instrutor de Garra de Tigre Professor Carlos Antonio da Silva me convidou a voltar a treinar, frisando que os tempos haviam mudado e que minha cabeça já poderia aceitar e consentir que aquela era a doutrina do Hung Gar e que os esforços só dependia de mim. Lá, passei a ser membro da União Garra de Tigre do Brasil e fui eu treinar Kung Fu Garra de Tigre novamente. Fiz uma aula e jurei para mim mesmo nunca mais abandonar os treinos. Passei por Campeonatos Paulista, Paulistano, Brasileiro e Campeonatos beneficentes sob a tutela do Professor Carlos. Torneios pelos quais fiz muitos amigos entre professores e mestres. Conheci o Mestre Li Hon Ki pessoalmente, participei de Seminários com ele, conheci seu irmão Mestre Li Wing Kay, o Mestre Barbosa de Santo Amaro, revi minha Shifu Cibele e outros tantos que não lembro o nome nestes anos todos. Passaram-se alguns anos e infelizmente meu Professor teve que dar um tempo nas aulas, com isto acabei pedindo desligamento dele e solicitando treinar com outro professor conhecido e também membro da União, o Professor Ricardo Sobreira, que me acolheu e continua ao meu lado me instigando mais vontade e mais força a cada dia.
Sinto-me honrado em ter no coração o prazer de dizer que após meus treinos de Kung fu na Academia Gênesis, sob tutela da Shifu Cibele e Professor Josenir, na Academia Delta com o Professor Carlos Antonio e com o Shifu Ricardo Sobreira, toda e qualquer outra arte marcial que eu tenha treinado perdeu o sentido. Entenda mais pelos pontos que carrego em mim aprendidos na convivência com cada um deles:
· Shifu Cibele – Primeira Professora de Hung Gar do Brasil (eu não sei, mas penso que talvez ela seja a primeira da América do Sul), insistente, árdua e firme, sempre tirando o melhor de cada um de nós, seja pela voz firme que nos chama a atenção pelos erros ou pelo breve sorriso que conseguimos sentir no olhar dela ao ver que fizemos algo dentro ou além do que ela esperava.
· Professor Carlos Antonio da Silva – Meu segundo professor me trouxe de volta ao Hung Gar, mostrou-me o valor da amizade nas artes marciais, do respeito para com a hierarquia e do treino intenso e firme visando paz interior e bem estar, além de lógico, ter-me levado aos campeonatos e participado comigo de minhas vitórias e derrotas junto sem me deixar fraquejar, mostrando acreditar em meu potencial como um pai acredita em seu filho, incentivando acima de qualquer coisa. E especialmente por ter-me liberado para treinar e evoluir mais um passo com o Shifu Ricardo Sobreira.
· Shifu Ricardo Sobreira – Terceiro e atual professor. Alguém fora de série que se dedica as artes marciais tão intensamente que desde o primeiro dia em que conheci, eu já sentia vontade de um dia treinar ao seu lado aprendendo minuciosamente cada Tão Lu que me fosse passado. A ele deixo bem claro que ocupa junto do Professor Carlos um lugar muito importante em meu coração, o de irmão mais velho que continua o trabalho do pai na educação do filho mais novo. Este Shifu tem uma participação especial em minha vida, pois à época de cada exame o Professor Carlos nos levava para termos uma espécie de aula corretiva com ele a fim de nos sairmos o melhor possível no exame. Este por sua vez sempre nos acolheu com todo respeito e valor que nós jamais pensamos merecer, fazia esta gentileza ao irmão de armas, Carlos e ajudava em nosso crescimento como União. Recebeu-me de braços abertos e tem me passado a cada dia algo novo dentro dos conceitos do Hung Gar, Me preparou e agraciou com treinamento para que eu possa estar realizando o Exame Nacional de Faixas Pretas tão logo me sinta pronto psicologicamente. Levou-me para próximo do Grandioso Mestre Li Hon Ki mostrando outro lado do mestre, o lado de Pai da Imensa Família Hung Gar do Brasil. Aceitou-me em sua associação me dando a importante e tão almejada liberação para dar aulas, passei por testes e mais testes, treinei todo o conteúdo necessário e fui desempenhar meu papel, trazendo para nossa associação os alunos que se deus quiser serão a próxima Geração do Hung Gar.
Agradecimentos especiais:
· Mestre Hudson Williams – Wing Chun Brasil Família do Mestre Li Hon Ki – Mestre da 9º Geração de Wing Chun de Ip Man – Discípulo de Li Hon Ki e Duncan Leung, um homem especial, pois nos ajudou a adentrar esta nova era em nossas vidas marciais iniciando uma nova fase na Família Li Hon Ki do Brasil, aconselhando-nos ajudando-nos e incentivando-nos.
· Grandioso Mestre Li Hon Ki – a este homem dedico meus esforços através dos anos. Sinto-me honrado em ter sido e ainda ser aluno de seus alunos e ansioso para ser um aluno direto seu. Lutarei com meu coração e minha alma para sempre fazer Brilhar o seu nome. Faço isto em nomes de todos os esforços que o senhor teve para estar aqui em nosso País, deixando sua amada China para nos mostrar sua cultura, medicina e principalmente sua humildade como Mestre e Doutor. Ao senhor, Grandioso mestre, todos os meus agradecimentos e minha honra. Que viva muitos e muitos anos mais, para ver as sementes que plantou e já germinaram crescerem e se tornarem fortes árvores em seu jardim marcial;
· Aos meus alunos: Que são uma prova do germinar destas sementes plantadas por cada um destes homens e desta mulher, aos quais reservo lugar de honra em minha vida.
Meus agradecimentos e minha saudação mais respeitosa aos Professores: Cibele, Carlos Antonio da Silva, Ricardo Sobreira, aos Mestres: Li Hon Ki e Hudson William e aos meus alunos.
São Paulo, 18/04/2011
· Todo Fim é o início de um novo ciclo - De volta ao Professor Carlos Antônio
As coisas e fatos, sejam lá quais forem, sempre tem um motivo para acontecer. Hoje, 04 de junho, algo muito triste, porém, com motivação muito grande, aconteceu. Acabo de entregar minha turma na Academia Clube Destak a meu professor Ricardo Sobreira.
Como tudo tem um motivo, estou postando o fato aqui, junto a minhas “memórias marciais”, para que não haja qualquer comentário futuro seja para denegrir ou para exaltar tal atitude. Quando meu professor Carlos Antonio da Silva resolveu parar de ministrar aulas, eu como estudioso curioso e ávido que sou por conhecimento, pedi ao mesmo que me deixasse ir treinar com o Shifu Ricardo a fim de continuar a preencher o espaço em minha mente e coração que sempre foi reservado ao Kung Fu Hung Gar. O mesmo humildemente me permitiu partir e deixou claro que suas portas estariam abertas para minha volta quando eu quisesse ou precisasse. Semana passada, conversando com o mesmo, recebi uma ótima surpresa anunciada da boca do próprio desta forma: “Você não sabe, mas venho treinando muito já há algum tempo, só não quis te dizer, porque cada um escolhe seu caminho e destino e eu não queria atrapalhar ou influenciar o seu.”
Eu não esperei nem mesmo ele explicar as coisas, perguntando se me aceitaria de volta após tantos anos, para continuar o trabalho que havíamos começado juntos como amigos, aluno e professor, ou de forma mais simplificada: como pai e filho mais velho de uma família marcial. Como eu já havia me retirado anos atrás de sua presença marcial a fim de buscar e continuar a acumular conhecimento tão logo ele anunciou que não mais ministraria aulas, para voltar, precisaria de duas coisas: A aceitação de meu professor e o desligamento amistoso de meu atual tutor marcial. Como eu sempre quis voltar e dar continuidade ao trabalho que começamos, fui a aula do Shifu Ricardo e solicitei meu desligamento amistoso do mesmo, sendo atendido prontamente. Minha felicidade de voltar para “casa” só não foi maior porque infelizmente, por questões internas, eu tive de deixar minha turma de alunos sob a custódia de meu antigo Shifu, pois foi sob a bandeira dele que iniciei o trabalho com esta turma e nada mais correto do que deixar que ele a conduza daqui para frente. Aceitei minha obrigação e me despedi com uma imensa dor daqueles que me honraram com suas presenças aos sábados e domingos em meu “mo Kwoon” deixando para eles, da mesma forma como me foi deixado, as portas abertas para seguirem seu caminho como acharem melhor, seja ao lado do Shifu Ricardo ou ao meu. De qualquer forma estamos todos na mesma família marcial e com isto provavelmente nos veremos nos exames, apresentações e aniversários do mestre ou mesmo nos torneios e é isto me conforta vê-los trilhando os caminhos que trilhei e trilharei por toda minha vida, que é representar o nosso verdadeiro e único mestre no âmbito esportivo marcial: O Grandioso Mestre Li Hon Ki. Esta nota fica registrada como parte do “post” acima, sendo continuação e espero que no futuro ela seja de grande valia a alguém.
Everaldo F. dos Santos – 14/06/2011
25 de Julho, um dia especial - Um novo conceito marcial me é mostrado
A primeira experiência com o Wing Chun Kung Fu do Grande Shifu Ip Man
Olá a todos os alunos, colaboradores, professores e leitoras apenas deste singelo espaço...
Peço desculpas pelo sumiço e pela demora para postar algo. Mas venho em seguida de maneira muito feliz expressar minhas opiniões sobre os novos conceitos que descobrir e aprendi sobre artes Marciais.
Primeiramente, gostaria de agradecer a meu Professor de Hung Gar, Carlos Antônio da Silva pela confiança e pela compreensão de minha eterna busca por conhecimento a qual me levou a expressar ao mesmo minha curiosidade em conhecer de perto (pessoalmente) o Sistema Applied Wing Chun Brazil, ministrado no Brasil por alguns mestres que tiveram a honra de aprender com o Sikung Li Hon Ki. Dentro deste Sistema, aprendi a respeitar muito vários destes Shifus durante minha vida no Hung Gar e Boxe Chinês, porém de um ano mais ou menos para cá, ao conhecer o Shifu Hudson Willian, tive a oportunidade de me envolver um pouco mais profundamente com o assunto.
Shifu Hudson me fez o convite para treinar em seu Mo Kwoon a caráter de refinar meu Hung Gar assim como também abriu as portas para que eu pudesse aprender, caso eu aceitasse e estivesse pronto, o seu Sistema Applied Wing Chun, que foi refinado pelo próprio Sikung Li Hon Ki. Mais que prontamente recebi a oferta como uma honra e fui conversar com meu Professor de Hung Gar, afim de não gerar qualquer tipo de desavença entre mim e o mesmo ou entre os Professores em questão (como eu entendia e chamava antes em minha pequena compreensão qualquer um que fosse avançado e tivesse o direito de ensinar Kung Fu).
Tal foi minha surpresa ao ouvir de meu Professor Carlos um sonoro “vá em frente e aprenda! Melhore o que já sabe e aprenda mais. Não há por que de proibi-lo de querer ser alguém melhor para o Kung Fu, alguém mais preparado para o conhecimento que nossa arte proporciona tanto mental como espiritualmente. Vá, dê minhas palavras de amizade ao Mestre Hudson e aprenda o máximo que puder, porém cuidado, pois o tempo de treino é muito grande diariamente e você pode não suportar as lesões ou a fadiga a que seu corpo será submetido nestes dias. Recomendo cuidado!”
Agradeci pelo voto de confiança mais uma vez me dado e sem pestanejar, liguei o Shifu Hudson, em Bauru e combinei a data para Julho, onde exatamente dos dias 25 de Julho a 04 de Agosto, participei do chamado processo de Imersão, onde treinei por dez dias sendo dez horas diárias. Aprendi novos conceitos sobre filosofia, sobre arte marcial, sobre respeito e honra, sobre conhecimento interno e externo, conversamos sobre amizades verdadeiras e falsas (como descobri-las antes de nos fazerem algum mal), sobre Deus, sobre religião, formas e Principalmente Aplicação das técnicas apresentadas nas mesmas, MTC e também sobre as origens, verdades e mitos do Sistema Wing Chun. Conheci boa parte senão toda a Família Applied Wing Chun que é supervisionada pelo Shifu Hudson e fui muito bem recepcionado e tratado pelos meus novos irmãos sendo que isso me abriu mais um espaço na mente, uma nova visão sobre o termo família (ou clã, como alguns poderiam dizer de forma mais tradicional), dentro do Kung Fu.
Applied Wing Chun Brazil, este é mais um caminho que passo a seguir dentro das artes marciais não como substituição ao Hung Gar, mas sim como complemento a mim mesmo para técnicas de luta, filosofia marcial e conhecimento próprio e externo além de lógico, como complemento do que já sei e ainda tenho por aprender dentro do Hung Gar, utilizando o melhor do Termo “aplicação ou Aplicabilidade” nos dois Sistemas. Volto a São Paulo com duas coisas na cabeça: O que é realmente o Hung Gar e o Que foi esse furacão que me atropelou durante os dez dias de aula que tive com meu Shifu Hudson e meu Sihing Eric Murakawa (Sakura), duas pessoas que fizeram maior diferença nestes dias e farão pro resto de minha vida. Mais pra frente em textos do Blog falarei mais desta experiência, porém posso postar aqui neste humilde espaço que graças a Deus consegui chegar ao último dia do Processo e voltei a São Paulo pronto e autorizado a começar a divulgar publicamente o Sistema Applied Wing Chun ao qual agora faço parte da família e trabalho com Alvará próprio sob supervisão do Shifu Hudson Willian.
Deixo aqui novamente meu sincero respeito e agradecimentos a todos que fizeram ou fazem parte de minha vida marcial e pessoal, acreditando que tenho potencial para o mesmo e nunca me abandonando em meu caminho. Destas pessoas destaco hoje meu Professor Carlos Antônio, meu Sihing Sakura, meu Shifu Hudson Willian e lógico meu Sikung Li Hon Ki aos quais desejo intensamente longa vida.
Sihing Everaldo Feitosa dos Santos
São Paulo 25/08/2011
Sihing Everaldo Feitosa dos Santos
São Paulo 25/08/2011