segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Seminário com correção e novas técnicas de Wing Chun

Presenças do Shifu Hudson Willian e do Sikung Li Hon Ki





Esta é uma pequena porção da Familia Applied Wing Chun de Bauru, a qual me orgulho em fazer parte....


Na sexta feira, dia 21 de outubro, realizou-se em Bauru – SP o seminário anual de Wing Chun com o nosso Sikung o Grandioso Mestre Li Hon Ki, que nos honrou com sua presença e sabedoria durante todo o seminário, participando ativamente de todo o evento. Após o seminário de forma descontraída, nosso Sikung juntamente com nosso Shifu, o Mestre Hudson Willian, nos deu dois privilégios únicos: tirar fotos livremente tanto da família como individualmente com os dois; e um jantar em um restaurante de comida chinesa. Todos reunidos à mesa com nossos Mestres. Uma sensação única a cada pergunta respondida pelo Mestre Hudson ou pelo Grão Mestre Li Hon Ki. Falamos de filosofia, família, amizades, Wing Chun Kune, China e sobre o curso de “An-MoTui Na” que o Grandioso Mestre “Kay” ministraria no dia seguinte.
As coisas são bem diferentes quando treinamos com um Mestre. Veja bem, caro leitor, não me refiro desta forma para diminuir ou comparar as pessoas ou os títulos, mas apenas para mostrar o quão diferente tornou-se minha vida após o encontro com o Shifu Hudson Willian (Mestre da 9º Geração de Wing Chun Kune). Toda minha visão de amizade, família, filosofia e principalmente minha imagem mental sobre Kung Fu mudaram totalmente. Basta ler meu blog desde o início observando as datas e verá que após o início das aulas de Wing Chun minha atitude marcial assim como minha postura mental mudou bastante e vem mudando cada vez mais.
Antes, apesar de treinar a muito tempo, sentia que faltava algo. Perguntas que fazia aos professores muitas vezes ficavam vagas em suas respostas ou mesmo algumas técnicas acabavam por serem compreendidas de forma errada não pelo fato de os mesmos não conhecerem estas, mas por um fator único que meu Sikung sempre cita durante suas palestras, algo chamado “sentimento”.
Sikung Li Hon Ki sempre cita que cada pessoa tem uma forma diferente de pensar, um sentimento diferente quando se refere ao próprio Kung Fu. Ele mesmo se mostra humilde ao dizer com as próprias palavras: “Eu ensino de um jeito, o aluno aprende, mas expressa de outro jeito, com outro sentimento, dentro da linhagem, porém diferente, inovador ou não. Isso pode, porém não pode fugir a realidade do Sistema, ao código da família.”
Essa frase diz claramente que cada um tem um coração, um espírito diferente e que contanto que não fuja a linhagem o Kung Fu que cada um compreende provavelmente será verdadeiro. Isso me remete as pequenas dúvidas filosóficas que eu tinha quanto ao Hung Gar e outros estilos de Kung Fu:
“Por que eu não conseguia entender toda a dimensão do Hung Gar nem enxergar o potencial nos dias atuais que o Sistema mostrava em seus dias de Glória (por assim dizer quando trato do passado de 100, 200, 300 anos atrás)?”
“Por que meu Shifu Carlos me explicava, mas eu não conseguia entender plenamente os ensinamentos gerando uma separação amistosa, porém desnecessária que me renderam cinco (05) anos longe do caminho verdadeiro do Kung Fu?”
Simples: Sentimento! Cada um tem um sentimento quando aprende. Cada um tem seu próprio universo interior chamado discernimento, compreensão. Após alguns meses treinando também sob tutela do meu mestre, que prefere ser chamado apenas de Shifu comecei a expressar melhor esse sentimento marcial. Sentimento que remete a novas visões relacionadas a conceitos de “retidão, compreensão, expressão de sentimentos, família, amizade”. Conceito que me mostra parte do imenso universo filosófico e espiritual abrangido pela filosofia da vida Kung Fu. O real conceito de San-Fa.
Convém plenamente dizer que o Kung Fu não te obriga a mudar de religião, de Deus, de filosofia, ou seja, lá qual for o caminho que você escolheu para sua vida. O Kung Fu apenas  serve como uma antena que amplifica seus sentidos na direção do caminho correto, ajudando a melhorar o que você já tem de bom e a disciplinar as áreas que te causam algum dano, seja na sociedade, família ou mesmo dentro de sua religião. Espero plenamente dentro de minha crença na vida Kung Fu que tenha sido possível mostrar um pouco do que tenho sentido e descoberto nesse novo nicho filosófico que descobri dentro de minha arte marcial.
Deixo para vocês dois pensamentos. Um eu captei de meu Shifu: “Quando o discípulo estiver pronto, o Mestre aparecerá. Então não se apresse em ser o maior, apenas esforce-se para alcançar realmente o seu melhor.” O Segundo eu ouvi da boca do nosso Sikung Li Hon Ki: “Ninguém é melhor do que ninguém. Você precisa do seu parceiro de treino assim como ele precisa de você, assim como você precisa do seu irmão, esposa, pai e mãe até do seu Deus para evoluir cada vez mais.” Logo não queira ser melhor que os outros, pois no fim os outros acabarão sendo melhores que você.
Quem é Quem...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Entrevista com o Shifu Hudson Willian para o Site Kali-Rio




1- Olá mestre Hudson, obrigado por aceitar o nosso convite para uma entrevista. Você poderia começar falando sobre você e seu começo nas artes marciais?

Iniciei minha pratica nas artes marciais no Judô, mas considero mesmo o ano de 1989 quando iniciei no Kung Fu o qual sigo até hoje e que é a base de todo meu conhecimento e de minha busca. Percorri alguns caminhos na seara das artes marciais no intuito de saciar minhas curiosidades na busca do conhecimento da luta e da filosofia oriental. Obtive um pouco de conhecimento sobre karate, taekwondo e alguns estilos de kung fu, porém, minha maior busca sempre foi no sistema Wing Chun.

2- Hoje você é representante do mestre Li Hon Ki no Brasil. Como foi que vocês se conheceram e como foi o início do seu treinamento?

 Na verdade sempre acompanhei o trabalho de meu Shifu Li Hon Ki pelas revistas, uma vez que mesmo tendo nascido em São Paulo, com apenas 4 anos fui morar no interior do Estado, na cidade de Bauru. Desta forma, com a idade de 16 anos tive a primeira oportunidade de iniciar meus treinamentos sobre os auspícios do Mestre Li hon Ki, em sua academia no bairro da Liberdade em São Paulo.
Com o tempo, na relação Mestre discípulo, invariavelmente somos levados a seguir os passos daqueles que nos guiam, desta forma, tomei conhecimento que dentre os estilos treinados pelo meu Shifu, um deles era o Arnis de Mano.
Esta relação entre Wing Chun e Arnis se iniciou com o relacionamento entre Don Inosanto e Bruce Lee, trazendo uma maior popularidade ao estilo filipino que comunga em muito com os princípios de Wing Chun, razão pela qual, até hoje os praticantes acabam se aproximando de uma arte através da outra.

3- Como você enxerga a relação entre Wing Chun e Sanshou?

 Na verdade enxergo ambos com objetivos diferentes, não os comparando, mas sim como eles se encaixam em minha busca pessoal. Desta forma, busco no sanshou (sanda) as características inerentes ao esporte de luta e suas limitações, a parte esportiva da "arte marcial" já que o Wing Chun não me proporciona isto. Quando me refiro à parte esportiva estou me referindo principalmente ao quesito luta, onde encontramos uma série de regras e ordenamentos que inexistem no Wing Chun, o que faz com que o sistema Wing Chun seja muito direto visando o confronto real - onde se aplicarmos corretamente as técnicas fica difícil lutar sem que haja o risco de graves lesões contra seu oponente. Assim uso ambos os estilos para saciar minha busca e realização no âmbito marcial.

4- O nosso blog é sobre FMA, assim, você poderia falar um pouco sobre a relação do Arnis com o mestre Li Hon Ki?

 Como anteriormente citado, despertei o interesse pelo Arnis por inspiração de meu Shifu. Acreditando que ele sempre buscou sistemas eficazes e partindo da premissa que "conhecimento não ocupa espaço”, comecei a perguntar sobre o sistema e em pouco tempo de conversa já estava muito ansioso para sentir na prática toda sua aplicabilidade.
Incentivei alguns alunos de meu Kwoon a conhecerem o sistema após algumas aulas particulares com o Mestre Li Hon Ki e assim, montamos um grupo de treinamento intensivo e regular, passando a trazer meu Shifu a minha cidade mês a mês no intuito de aprender esta arte marcial singular.
Não demorou a que procura aumentasse cada vez maios pelo sistema e rapidamente a paixão contaminou a todos.
Desta forma, quando viajei a treinamento com o Mestre Li Hon Ki para a China, manifestei meu interesse em passar pelas Filipinas, na busca de conhecer mais sobre Arnis e as linhagens existentes no berço da arte. Tendo a aprovação dele, estamos planejando uma viagem que englobará em seu roteiro além da China, também as Filipinas.

5- Como que foi aprender Wing Chun, Sanshou e Arnis? Qual a relação que você enxerga entre essas artes?

 Como lhe falei, cada arte tem sua magia e dentro do meu ponto de vista, cada uma tem um enfoque especial. Posso definir esta trilogia marcial em minha vida da seguinte maneira: Wing Chun - Sistema que me leva ao cume da defesa pessoal real de mãos livres, onde me sinto confortável e confiante no resultado rápido e satisfatório dos treinamentos.  Sanshou - É o aspecto esportivo da minha vida marcial, o ponto que converge a pratica voltada ao hobby das artes marciais, ou seja, é um meio onde posso liberar as técnicas sem colocar em alto risco meu oponente, pelo simples fato de respeitar as regras existentes, as quais foram criadas para preservar a integridade física dos oponentes.  Arnis - é o ponto crucial da defesa pessoal realista com armas, pois seu desenvolvimento marcial no âmbito da defesa pessoal é espetacular, e creio que contra um oponente, mesmo  que este tenha conhecimento em artes marciais e estando desarmado, defrontando se com um lutador de Arnis terá poucas chances de se sair bem, para não dizer nenhuma. Desta forma entendo que cada sistema que treino me respalda e me satisfaça em um aspecto de minha busca marcial.

6- Qual a sua opinião sobe o cenário hoje do FMA (Arnis, Kali, Escrima), no Brasil? 

Acredito que pela falta de divulgação, o FMA se encontre muito atrasado em relação a outras artes marciais. A maioria da população nunca ouviu falar e os clãs de FMA ainda são muito reservados.
Acredito que este quadro só mudaria com atitudes globalizadas em união para a propagação e divulgação dos sistemas, sem buscar exaltar o ego de ninguém, mas pelo puro desejo de trazer ao grande público amante das artes marciais esta pérola Filipina que já se encontra há anos em nosso meio.

7- Muitas pessoas ingressam em uma escola de artes marciais pensando em defesa pessoal. Qual sua opinião sobre?

 Eu ainda acho que é uma boa busca. Levando em consideração que encaro o termo "defesa pessoal" de forma bastante amplo, abrangendo até mesmo o âmbito psicológico da pessoa. Assim as artes marciais ainda tem um papel importante na lapidação dos guerreiros modernos, na busca de alicerçar a construção  de vencedores, aumentando a auto-estima, criando auto-suficiência e fortalecimento de caráter e espírito.
Acredito que se a prática fosse mais popular como era na década de 80, 90, poderíamos estar com um importante mecanismo de batalha contra as drogas, criminalidade e outros problemas que assolam nossa sociedade.

8- Muito obrigado pelas suas respostas! Gostaria de deixar alguma mensagem para os nossos leitores?

 Eu agradeço a oportunidade de participar deste maravilhoso trabalho sobre a FMA e deixo o convite para que praticantes de artes marciais, sejam elas quais forem, bem como não praticantes a experimentarem para ver o que as artes marciais filipinas têm a oferecer. Acredito que eles descobrirão um universo maravilhoso e totalmente novo dos sistemas marciais convencionais. Convido também os leitores a conhecerem meu site onde trago assuntos relacionados a artes marciais e filosofia oriental em geral:  www.hudsonwillian.com.br
 Saúde e Paz a todos.