“O código de ética do kung fu”
Cada família tradicional de Kung fu tem as sua regras e preceitos. No próprio Shen She chuen, temos o Fah man (法門), e o luan li (倫理), porém, tão milenar quanto a arte marcial chinesa em si, temos o Wu te, que abrange muito mais do que as famílias e as escolas, mas, a arte do Kung fu na sua totalidade.
O Wu te é dividido, basicamente, em cinco princípios, sendo eles:
信用 hsin yong - confiança
Estabeleça o vínculo de confiança de seu mestre para com você, e de você para com seu mestre. Mantenha e solidifique esse vínculo confiando no seu aprendizado e no seu tempo. No momento propício para o seu avanço e aprofundamento na arte o seu mestre saberá. Não peça conhecimentos ao seu mestre, e sim, prepare-se para recebê-lo.
謙遜 chiang hsun – humildade
Mantenha a sua xícara vazia, e não se preocupe com a sua titularidade ou posição, pois, o orgulho e o ego são venenos poderosos para matar a arte em você. Quando permitimos que eles se infiltrem no nosso raciocínio, começamos a agir e tomar decisões tendo eles como base de referência. Humildade não é subserviência, e é algo que se deixa de ser quando se afirma ter.
尊敬 zun ching – respeito
O respeito se inicia por ocasião de sua manifestação para consigo e para com os outros, sendo conquistado e manifestado. Respeito à hierarquia é essencial, pois ocupa quem o fez por merecer, e assim, haverá o entendimento da sua posição e da posição dos outros, e onde houver entendimento haverá respeito, e a existência de ambos não permite a manifestação do caos.
荣 譽 jong yu – honra
A arte marcial chinesa do Kung fu tem fortes laços com a honra, por isso, honre a arte, a família e os antepassados, mostrando lealdade, determinação, e mantendo a pureza e a essência. Foi graças a essas qualidades dos patriarcas do passado que a arte chegou até os nossos dias, e somente com a presença delas você conseguirá perpetuá-la para as gerações futuras.
道徳 tao te – virtude
São subdivididas em outras quatro, sendo elas, serenidade, coragem, prudência, e justiça.
Serenidade – É a moderação para manter-mos a racionalidade e a sensibilidade diante de todas as facetas da vida. A sua prática da arte não tem como finalidade consumí-lo dentro de uma sala de treinamentos, mas sim, enriquecer as nossas vidas estimulando o autoconhecimento e o equilíbrio para aplicarmos em todos os setores da nossa vida cotidiana.
Coragem – Está na capacidade de agir quando confrontado pelo medo, que atua em nós tanto no aspecto físico como mental. Sua manifestação física ocorre ao estarmos assustados com algo, um lugar, um ambiente, uma pessoa ou uma situação, enquanto que, mentalmente, ele se refere, principalmente, ao medo do fracasso. O kung fu pode e deve proporcionar a segurança e a coragem necessárias para que nos mova através da vida, enfrentando o medo com a determinação necessária para não se deixar paralisar.
Prudência – A prudência está na abordagem com discernimento sobre todas as situações que a vida coloca diante de nós. Atentar a todos os resultados de qualquer ação nos propicia a sensibilidade, a sabedoria e o discernimento inspirados em fatos, conhecimento e experiência, minimizando a ansiedade e controlando a impulsividade.
Justiça – Para que ela seja plena, é necessário que tenhamos compreendido cada princípio e cada virtude do Wu te. Justiça e sabedoria tem que caminhar juntas.
O Wu te não pertence a nenhum estilo de Kung fu. Todos os estilos estão nele.
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